O ambiente do mercado esta semana não está muito certo.

Na próxima semana vai acontecer um grande movimento — um leilão de 125 mil milhões de dólares em dívida do Tesouro dos EUA, juntamente com mais 40 mil milhões em dívida corporativa. E calha mesmo em cima de um feriado, o que comprime ainda mais o horário de negociação; a liquidez já era apertada, agora vai ficar ainda mais tensa. Muitos já começaram a entrar em pânico, especialmente quem entrou há pouco tempo.

Vou simplificar, sem recorrer a termos demasiado técnicos.

Podes imaginar o mercado financeiro como uma grande albufeira. O mercado de ações, de dívida e o mercado cripto são todos afluentes dentro dessa albufeira, partilhando a mesma água — ou seja, a liquidez do mercado. Agora o nível da água já estava baixo, e o leilão de dívida da próxima semana é como tirar ainda mais água da albufeira. Com menos água, todos os afluentes são afetados, a capacidade do mercado para resistir ao risco diminui e a volatilidade aumenta naturalmente.

Alguém pode achar: "Isto é coisa das ações e das obrigações americanas, que tem isso a ver com o mercado cripto?"

Tem tudo a ver.

O mercado cripto de hoje já não é aquele pequeno círculo independente de antigamente. Há uma quantidade enorme de dinheiro institucional a circular constantemente entre os vários mercados, sempre à procura de retornos garantidos. Quando os mercados tradicionais apertam, o dinheiro sai imediatamente dos ativos de maior risco. E o mercado cripto é precisamente esse tipo de ativo: alta volatilidade, alto risco. Quando a liquidez aperta, a reação aqui é ainda mais forte do que nas ações.

Por isso, este movimento da próxima semana não vai afetar só o mercado de dívida. A volatilidade no mercado cripto pode ser bem maior do que imaginas.

Como lidar com isto em concreto? Explico em detalhe mais à frente. Mas a lógica central é só uma: quando a liquidez aperta, não tentes bater de frente com o mercado.