

A criptomoeda transformou o setor financeiro ao promover privacidade e descentralização. No entanto, com a crescente popularidade dos ativos digitais, os reguladores europeus manifestam preocupações quanto ao risco de utilização do anonimato das criptomoedas para fins ilícitos. Esta realidade motivou a adoção de procedimentos Know Your Customer (KYC) em diversas exchanges de criptomoedas. Este artigo analisa o conceito de KYC no contexto cripto, a sua implementação, benefícios, desvantagens e alternativas.
Know Your Customer (KYC), no contexto das criptomoedas, consiste num conjunto de requisitos de verificação de identidade aplicados por algumas empresas do setor, sobretudo exchanges centralizadas, para validar a identidade dos utilizadores. Este processo visa assegurar o cumprimento da legislação financeira e das normas específicas do setor cripto em diferentes jurisdições. Os procedimentos KYC permitem às exchanges cumprir as diretivas de combate ao branqueamento de capitais (AML) e ao financiamento do terrorismo (CFT), associando as operações financeiras a utilizadores identificados.
O processo de KYC numa exchange de criptomoedas implica, geralmente, a recolha de dados pessoais dos utilizadores. Normalmente, são solicitados:
Além destes dados, é frequente ser exigido o envio de fotografias de documentos oficiais de identificação, podendo ainda ser solicitada uma fotografia do rosto para reconhecimento facial. A exchange avalia esta informação para aprovar ou recusar a abertura da conta. O processo de verificação costuma demorar entre algumas horas e um dia útil.
A implementação do KYC no setor cripto apresenta vantagens e desvantagens:
Vantagens:
Desvantagens:
Para utilizadores que privilegiam a privacidade, as plataformas descentralizadas constituem uma alternativa às exchanges que exigem KYC. Estas soluções permitem a negociação entre pares sem intermediários centrais, possibilitando transações com carteiras de autocustódia sem necessidade de fornecer dados pessoais. Para aceder a estas plataformas, basta possuir uma carteira de autocustódia compatível e saldo em criptomoedas para iniciar as operações.
As carteiras de criptomoedas de autocustódia, que atribuem ao utilizador uma chave privada, não requerem normalmente dados KYC. Estas carteiras utilizam uma frase-semente (sequência de 12 a 24 palavras) que representa a chave privada do utilizador. Já as carteiras custodiadas, fornecidas por exchanges centralizadas, exigem dados KYC no âmbito dos procedimentos de conformidade da plataforma.
Os procedimentos KYC no universo das criptomoedas procuram equilibrar a conformidade regulatória com o princípio fundador da privacidade cripto. Apesar de promoverem legitimidade e maior segurança nas operações, levantam preocupações ao nível da privacidade e da proteção de dados. Com a evolução do setor, o debate sobre a obrigatoriedade do KYC deverá manter-se, com as exchanges centralizadas a seguirem a regulamentação e as plataformas descentralizadas a proporcionarem alternativas para quem valoriza a privacidade. Em última análise, cabe ao utilizador ponderar os prós e contras do KYC ao escolher como interagir com criptomoedas.
O KYC não é sempre obrigatório para criptomoedas, mas muitas exchanges e plataformas exigem-no para cumprir exigências regulatórias e de segurança. Algumas plataformas descentralizadas permitem negociar sem KYC.
O KYC é, em regra, benéfico para o setor cripto. Reforça a segurança, reduz a fraude e facilita o cumprimento das normas. Contudo, pode afetar a privacidade e atrasar operações.
Depende da plataforma. Existem exchanges que exigem KYC para todas as operações, enquanto outras permitem pequenas compras sem esse requisito. Em geral, o KYC é necessário para montantes elevados ou levantamentos.
O KYC em criptomoedas costuma demorar entre 1 e 3 dias úteis, podendo ser concluído em poucos minutos ou estender-se até uma semana, consoante a plataforma e a complexidade da verificação.











